ATA DA QUINTA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 27-3-2001.

 


Aos vinte e sete dias do mês de março do ano dois mil e um, reuniu-se, no Mercado Público do Bom Fim, a Câmara Municipal de Porto Alegre, nos termos do artigo 189, parágrafo único, do Regimento. Às dezoito horas e trinta e cinco minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues ao cantor e compositor Nei Lisboa, nos termos do Projeto de Resolução nº 045/00 (Processo nº 1940/00), de autoria da Vereadora Helena Bonumá. Compuseram a MESA: o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Senhora Margarete Costa Moraes, Secretária Municipal da Cultura e representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Nei Lisboa, Homenageado; a Vereadora Helena Bonumá, 1ª Secretária deste Legislativo. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças dos Senhores Carlo Cachoeira, Coordenador de Música da Secretaria Municipal da Cultura, Ricardo Lima, Secretário Substituto da Secretaria Municipal da Cultura, Márcia Helena Bauer, Coordenadora de Cidadania e Direitos Humanos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Suzana Lisboa, familiar do Homenageado, e Bebeto Alves, Coordenador do Instituto Estadual de Música da Secretaria Estadual da Cultura. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A Vereadora Helena Bonumá, em nome das Bancadas do PT, PTB, PPB, PMDB, PC do B e PSB, teceu considerações acerca da trajetória artística e da importância da obra do Homenageado, lembrando a identidade do Senhor Nei Lisboa com a Cidade de Porto Alegre e ressaltando as características de qualidade e coerência presentes no trabalho musical desenvolvido por Sua Senhoria. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, externou sua satisfação em participar da presente solenidade e elogiou a escolha do local da presente Sessão, felicitando o Homenageado pelo conjunto de sua obra e declarando que o Prêmio hoje concedido representa a admiração de toda a população da Cidade, expressa através da representação deste Legislativo. Após, o Senhor Presidente convidou a Vereadora Helena Bonumá para proceder à entrega do Prêmio Lupicínio Rodrigues ao Senhor Nei Lisboa, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Prêmio recebido. Em continuidade, o Senhor Presidente informou que, face a problemas ocorridos no sistema de som, não seriam realizadas as apresentações dos cantores Cristiano Hansen e Ilse Lampert. Às dezoito horas e cinqüenta e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Fernando Záchia e secretariados pela Vereadora Helena Bonumá. Do que eu, Helena Bonumá, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, nos termos do PR nº 045/00, de autoria da Ver.ª Helena Bonumá, destinada à entrega do Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues ao cantor e compositor Nei Lisboa.

Convidamos para compor a Mesa o Sr. Nei Lisboa, nosso homenageado; a Sr.ª Margarete Moraes, Secretária Municipal de Cultura, representando o Sr. Prefeito de Porto Alegre; a Ver.ª Helena Bonumá, proponente da homenagem; o Ver. Isaac Ainhorn, representando o conjunto dos Vereadores.

Queremos registrar, como extensão da Mesa, a presença do Sr. Carlo Cachoeira, Coordenador de Música da Secretaria Municipal da Cultura; o Sr. Ricardo Lima, Secretário Substituto da Secretaria Municipal da Cultura; a Sr.ª Márcia Helena Bauer, Coordenadora da Coordenação de Cidadania e Direitos Humanos da PMPA; a Sr.ª Suzana Lisboa, cunhada do homenageado; o Sr. Bebeto Alves, Coordenador do Instituto Estadual de Música da Secretaria Estadual da Cultura.

A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra para falar em nome das Bancadas do PT, PPB, PTB, PMDB, PSB e do PC do B.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O nosso mandato propõe que a Câmara de Vereadores faça essa distinção ao Nei Lisboa pelo significado que o trabalho do Nei Lisboa tem para a nossa Cidade, para nós e, particularmente, para a minha geração, mas penso que, de qualquer forma, para a Cidade de Porto Alegre. O Nei Lisboa, em primeiro lugar, nos lembra o tempo em que ele começou a cantar, começou a compor e que era o tempo em que nós, e Porto Alegre se distigüiu em nível nacional também por isso. Lutávamos contra a ditadura militar, lutávamos por democracia, passávamos na contramão daquele centro de violência a nos reunir na busca de superar aquela situação de total autoritarismo e arbítrio que vivíamos. Era luta por democracia, era luta por liberdade! Foi nesses momentos de luta que começamos a ouvir o Nei Lisboa, bem como diversos outros compositores daquela época, cantores daquela época, que passavam a construir o que chamamos da Música Urbana do Rio Grande do Sul, Música Urbana de Porto Alegre que, desde então, passa a se afirmar e passa a compor os nossos sonhos, as nossas cantigas, falar das nossas coisas e desenvolver uma profunda identidade com as nossas gerações e com a nossa Cidade de Porto Alegre.

O Nei Lisboa tem uma coisa importante, que temos que resgatar. O Nei Lisboa não saiu daqui, a exemplo de tantos outros que fizeram esse processo, mas que se foram e de alguma forma de nós se afastaram. O Nei Lisboa ficou em Porto Alegre; o Nei Lisboa também não fez concessões porque sabemos que do ponto de vista da indústria cultural, do mercado cultural tem algumas coisas que mais vendáveis, mais palatáveis, mais fáceis de se fazer e são mais fáceis de se construir a partir dali. O Nei Lisboa não fez concessões. O Nei Lisboa tem uma trajetória de coerência, de teimosia na nossa música e entendemos que isso tem que ser resgatado e distingüido.

O Nei Lisboa tem uma particularidade que, também, gostaria de lembrar, daquele nosso período de luta. O Nei Lisboa é irmão do Luiz Eurico e o Luiz Eurico foi um dos símbolos da nossa luta e, com certeza, a luta que nós fizemos naquela época foi uma luta que influenciou aquela música e também era uma luta que nos constituiu como cidadão, que nos constituiu como sujeitos políticos onde, na música, encontramos e constituímos a nossa identidade. Esse processo se desenvolveu. Hoje temos, aqui, uma Cidade democrática, uma Cidade que participa, uma Cidade que constrói a sua política, uma Cidade que do ponto de vista da cultura é diversa, é plural, é criativa e esse processo conta, felizmente para nós, com a participação do Nei, do Nei ativo, do Nei que se mantém, do Nei que cria, do Nei que canta, e do Nei que faz parte, sem sombra de dúvida, da história da construção desta Cidade.

Portanto, entendemos que a nossa Câmara de Vereadores faz justa esta homenagem, distingüindo com esse Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues a essa marcante, querida, coerente e firme figura que representa a nossa música, o nosso cantor e compositor Nei Lisboa. Nesse sentido, e tantos outros, fazemos a nossa homenagem. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr. Prefeito e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais pessoas presentes.) Meus amigos eu quero dizer da minha satisfação, de estar presente, aqui, nesta Sessão, nesta homenagem que a Câmara Municipal, Ver.ª Helena Bonumá, presta ao Nei Lisboa e que outorga a ele - em reconhecimento ao seu trabalho pela cultura e pela música - a mais alta distinção musical na área da Câmara Municipal que é o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues. Eu quero dizer da minha enorme satisfação por estar presente, porque às vezes pode-se pensar, em alguns momentos, que o Bairro Bom Fim, ou essa universalidade que este Bairro, tem um Bom Fim boêmio, um Bom Fim underground, e um outro Bom Fim, que seria um Bom Fim conservador, um Bom Fim careta, mas não! O Bairro Bom Fim é, fundamentalmente, uma coisa única, o Nei sabe disso, porque vive o seu cotidiano.

Quando a Ver.ª Helena Bonumá fez o Requerimento, que foi aprovado na Câmara, de que a homenagem fosse feita no Mercado Público do Bom Fim, eu tinha a certeza de que a idéia seria um êxito extraordinário. Seria algo que daria uma singularidade a homenagem que se presta ao Nei Lisboa, porque se o Presidente do Grêmio Naútico União recebe a sua homenagem, lá, porque a Câmara já se transferiu à sede desta Entidade, como já se transferiu ao Grêmio Naútico Gaúcho e outras instituições, nada mais conseqüente do que essa homenagem ser feita no próprio Bairro Bom Fim, que já é uma referência cultural turística da vida da Cidade de Porto Alegre. Com certeza, quando o tempo passar e algum pesquisador se aprofundar na história do Legislativo Municipal vai constatar que um dia a Câmara Municipal saiu daquele seu oficialismo, da sua estrutura solene e se dirigiu ao Bairro Bom Fim para outorgar o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues ao Nei Lisboa.

A Ver.ª Helena Bonumá retratou com muita qualidade esse reconhecimento a toda uma geração, em que o Bom Fim era um centro e, continua sendo, de uma geração revolucionária, uma geração rebelde, uma geração inconformista. Eu, aqui, diria que o Nei Lisboa é a continuidade de toda uma geração, é uma referência de todo um sentimento de rebeldia, de tempos anteriores, como o do poeta Manoel Valter que escrevia os seus poemas em papel de pão, ou de um dos mais extraordinários jornalistas que o Bom Fim gerou que foi o saudoso Marcos Faierman. Eu acho que no momento em que prestamos essa homenagem ao Nei Lisboa, estamos prestando não só homenagem à música, ao talento musical do Nei, mas estamos prestando uma homenagem a toda uma geração, a geração dele e a gerações anteriores. A ele, especificamente, por essa continuidade nesse sentimento de rebeldia, nesse sentimento de renovação no trabalho que realiza. Portanto, para nós, neste momento, é uma enorme satisfação estarmos juntos, aqui. Eu poderia, delegado e teria sido bem representado, o meu Partido estaria plenamente representado na figura da autora da iniciativa, a Ver.ª Helena Bonumá, no entanto eu entendi que a minha representação política e a minha representação pública exigia a minha presença, aqui, por todas as conotações que esse Bairro representa e na homenagem que é um todo, ao Nei Lisboa - de todos os moradores e de toda a Cidade - em reconhecimento ao seu trabalho através da representação política da Cidade de Porto Alegre.

A presença da Secretária de Cultura, Margarete Moraes e do Presidente da Casa, Ver. Luiz Fernando Záchia revelam, na sua plenitude, a importância que damos, e estamos dando, a este momento, a esta homenagem que é prestada ao Nei Lisboa.

 Parabéns Nei, continue com este teu trabalho, esta tua trajetória e esta tua vivência, aqui, nesta comunidade. “Canta a tua aldeia”, já dizia o poeta russo, “e serás universal.” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Convidamos a Ver.ª Helena Bonumá para que faça, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, à entrega ao homenageado, do Diploma concedido pela Câmara Municipal de Porto Alegre.

                           

(Procede-se à entrega do Diploma.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Após, feita a entrega do Diploma ao Nei Lisboa, pela Ver.ª Helena Bonumá, concedemos a palavra ao homenageado.

 

O SR. NEI LISBOA: Oi! Eu estou agraciado, maravilhado por vários motivos, sou um tímido, como vocês podem ver, e acho que posso denunciar que a Ver.ª Helena também é um pouquinho tímida e nisso compactuamos e estou achando que devo dividir esse prêmio com muita gente. Eu estou muito além do merecido, agraciado, acarinhado por esta Cidade, com premiações, com este carinho direto das pessoas no contato na rua, com o público em shows, com os colegas de trabalho. É com os colegas de trabalho que quero começar a dividir esse prêmio, porque ele leva o nome do Lupicínio e acho que, mais do que eu, muitos outros colegas homenagearam e cantaram Lupicínio ao longo desses anos. O Bebeto está aqui como um, entre tantos, que, também, cumpriu essa trajetória. Então, para eles vai todo o meu carinho e um pedaço deste prêmio. E quero dividir com vocês todos que vieram, mas muito especialmente com a Suzana Lisboa, que ali está, minha cunhadinha. Estou dividindo, também, e agradecendo muito a lembrança da Ver.ª Helena Bonumá, do pessoal que fez o panfleto do convite com uma poesia minha dedicada ao meu irmão, o Luiz Eurico.

O Luiz Eurico foi quem me fez, de várias maneiras, poeta, cantor e acho que me fez um ser humano razoável. Ele conseguiu, no tempo que a ditadura lhe deu, construir um irmão menor legal. A Ver.ª Helena Bonumá já se referiu a isso quando falou, e espero que isso seja parte do meu trabalho, hoje, fazer do dia-a-dia, do que se escreve, do que se canta, do que se pinta, do que se faz na vida, uma forma de transformação das coisas, uma forma de tornar esse mundo um pouco mais justo, um pouco mais humano e melhor. Assim eu tento, assim eu vejo sempre, no trabalho da Ver.ª Helena Bonumá, que faz anos que conheço. Conheço-a um pouco de perto, porque houve uma época, não sei nem se ela se lembra, ou se ela soube, que eu editorava os jornais dela, ainda começando a fazer um trabalhinho de editoração que fiz durante anos, muito foca, muito ruim - suspeito até que seja por isso que ela está me indicando para o prêmio – como que diz: “Volta para a música correndo!”

Quero agradecer muito a todos os representantes da Câmara, ao Presidente, ao Ver. Isaac Ainhorn, à Secretária Margarete Moraes. Acho que essa iniciativa de ter trazido para cá, para o Bairro, para o mercado do Bom Fim, esta entrega do Prêmio é tremendamente significativa, levar o Legislativo - olha ali o Cláudio Gutierres que avistei agora - os míopes sofrem disso, demoram um tempinho para ver - meu grande abraço, meu companheiro de lutas, melhor amigo do Luiz Eurico - acho que este é o caminho, levar o Legislativo para o povo, para a Cidade e não ficar esperando que as pessoas apareçam por lá.

Enfim, quero agradecer a todos vocês que aqui estão presentes e, tenho a certeza de que vamos continuar nos vendo e, espero, continuar fazendo coisas para vocês que sejam do seu agrado, que sejam produtivas para esta nossa sociedade por muitos e muitos anos. Estou um tanto emocionado. Um beijo para todos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Estava previsto que teríamos aqui duas apresentações musicais: dos cantores Cristiano Hansen e Ilse Lampert, no entanto, por problema de som estão suspensas estas apresentações.

 Encerramos dizendo que o Legislativo cumpre - é importante que se diga isso, Nei Lisboa - o seu papel. Primeiro, premiando um legítimo representante seu, um porto-alegrense, um cidadão que tem um trabalho excepcional para a música regional e nacional e também, como tu bem ressaltou, ele se desloca do Plenário próprio da Câmara Municipal e vai ao encontro das pessoas, que dão sustentação para esta Cidade. Então, me parece que isso é bom, o Legislativo se inova através de iniciativas como esta da Ver.ª Helena Bonumá; é uma maneira que se tem de podermos homenagear aqueles a quem nós somos muito, muito gratos.

Então, ao Nei Lisboa o reconhecimento da Câmara Municipal, através dessa iniciativa da Ver.ª Helena Bonumá. Agradecemos a presença do Bebeto Alves, do Ver. Isaac Ainhorn, da Ver.ª e Secretária Margarete Moraes e a todos os presentes e amigos do Nei Lisboa. Muito obrigado.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h55min.)

 

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